A folha desceu e embateu no tampo com estrondo.
Esta é uma recordação obviamente modificada pelo meu cérebro de modo a fazer corresponder o impacto daquela mensagem com o movimento mecânico da entrega do próprio pedaço de pasta de papel desnutrida.
É a forma do cérebro brincar com a dimensão linear do tempo, mas o seu poder é limitado. Por isso, abrir a gaveta das memórias e recordações é um ato que se quer acompanhado pela prudência. Erro é esquecer que o charlatão engana.
Mas esta relação das nossas memórias com a 4ª dimensão é algo maior e especial que requer mais explicitação face às acusações de ludibrio . A linha tênue entre realidade e invenção criada pelo Tempo na cabeça de cada um transforma muitas das nossas recordações em amálgamas bem homogêneas nas quais dificilmente se distinguem os ingredientes sólidos, as ações realmente passadas (base estrutural da receita), e o jogo de temperos e condimentos, referentes aos despojos das nossas emoções quer seja o medo, a vergonha ou o desejo. Por isso, tenho perfeita consciência que ao relembrar os tempos de estudante de arquitetura, faço-o através do filtro por ele imposto.
Este texto “nasce” não por o percurso ter existido mas sim porque o autor vê-o como determinante para a definição do momento presente. Mas porquê partilhar? Só me parece boa prática reconhecer que não sou tão relevante assim, ou entusiasmante, nem a minha vida é tão exemplar que mereça a sua partilha na íntegra. Por isso, prendo-me ao mote do indivíduo incógnito cuja mensagem transmitida foca-se apenas no conhecimento apreendido pela sabedoria da experiência ou, por outras palavras, o constrangimento do fracasso. O objetivo não é ensinar, mas sim sentir-se menos sozinho…
(Não ensina porque não é professor, está menos sozinho porque encontra-se a si próprio.)
O episódio que termina a primeira parte foi um momento de choque, um daqueles necessários atos onde se fere o orgulho e obriga, o psicológico mais que o físico, a recolher e lamber as feridas. Depois reconstrói-se. Pelo menos tende a ser esta a precipitação inevitável da vida, primeiro natural e depois humana. Ao longo do percurso, momentos destes são charneiras que modificam a direção da trajetória mas não são os únicos nem os mais importantes. Ficam momentos e pessoas. Com o passar do tempo, as memórias das pessoas parecem ganhar cada vez mais importância, sobrepondo-se. Sou pessoa de pessoas (disto orgulho-me). Por isso, na parte 2, falo de pessoas e declaro-o com redundância. Foi difícil.
Conto a história da Ana e dos Manuéis, os produtores de poetas.
“Para que a poesia continue a ser possível, para que o humano não se esgote na eficácia, é preciso uma intervenção política que dê primazia à educação, à preparação para construir um mundo em que possam existir falas-aventuras, falas que abram caminhos através do desconhecido.”
LOPES, Silvina Rodrigues, “Defesa do Atrito”, 1999 – citada em Prólogo_Minha Casa, Fernando Távora (Manuel Mendes)
A maior virtude deste processo foi, sem dúvida, a poesia. Sou poeta que não escreve (poesia) mas assumo a sua atitude de emoção terna, natural, pela vida. Ser poeta está ao alcance de todos. Estes três são/eram poetas: o Manuel do primeiro, a Ana do primeiro e do fim, o Manuel do quarto e do segundo fim (previsivelmente não último). Apresentações:
Manuel do primeiro – Manuel Graça Dias – linha curva irregular permanentemente em ato consciente de errância formando um emaranhado aparente. Era um traço a carvão forte e espesso. Ruidoso apenas quando cruzada a soleira invisível do anfiteatro. Fora, era brisa tranquila.
Ana do primeiro e do fim – Ana Alves Costa – linha reta, trémula e estável traçada a lápis macio mas muito ao de leve. Delicada. Gigante que fala em sussurro. Testemunho ímpar de que força bruta não implica brutalidade. Fio de lã que aparenta desfazer-se, mas não quebra.
Manuel do quarto e do segundo fim – Manuel Mendes – mancha espatulada num fundo de tecido de camisa aos quadrados. Aparentemente dócil. Provocador (com orgulho) do caos intelectual generalizado. Fantástico utilizador do silêncio.
Manuel do primeiro
“Sejam violados!”
Repetia vezes e vezes sem conta o Manuel do primeiro. As suas aulas foram, como aluno do 1º ano, uma brutalidade. Abanou-nos até às fundações. Mas que não caia o leitor no mesmo erro que o grupo de caloiros pois este não era comentário vil de um homem arcaico. Pelo contrário, tão mais à frente quanto incompreendido.
Tinha perfeita consciência de ter à sua frente quase duas centenas de corpos que não passavam de soldadinhos de chumbo vertidos do mesmo molde. De mão direita estatelada na testa em dia cinzento existiam rígidos e cabeçudos. O Manuel do primeiro não reclamava, arregaçava as mangas. Talvez percebesse a necessidade de estandardização de modelos e, subsequentemente indivíduos, para o funcionamento de um estado social ainda imaturo. Talvez…
Típico do processo de fundição, mais propriamente da substância com que se unta o molde antes do despejo do líquido incandescente, os soldadinhos apresentavam uma pátina consolidada. Era escura, desluzida. Traduzia-se no interior de cada um como o incontornável medo do desconhecido. Medo paralizante, abraço desonesto da zona de conforto.
“Sejam violados!” – era um sinal neon amarelo berrante com a simples mensagem “Vão, não tenham medo!” Apaixonado pela cidade, incentivava a sua descoberta. Não só os centros que já conhecíamos mas sobretudo os outros, os cantos escuros para onde se varriam os problemas a ignorar. Éramos jovens apáticos com medo de liberdade e ele um professor poeta ansioso por pensadores livres.
Ana do primeiro e do fim
Deu-se um desafio às crianças.
Mais rápido que um raio em dia de tempestade de verão, estas fabricavam soluções infinitas que saltavam das salas em folhas de papel deslavado como se fossem pipocas de uma panela. Os estaladitos do milho transformando eram substituídos pelo esfarelar das grandes placas de esferovite, suporte de eleição para a formalização dos imaginários inocentes e ingênuos.
No dia seguinte, às 9h e uns pauzinhos:
-”Aqui! Eu!”
Havia uma nova pipoca a mostrar. A Ana do primeiro e do fim aproximava-se com uma tranquilidade passível de ser confundida com falta de entusiasmo. A criança mostra-lhe o feito e, de olhos na mesa, espera com incerteza pela aprovação. Para seu espanto, não recebe nada. Nada! Nem que sim, nem que não. Nem que está bom nem que está mau. Mostra-lhe uma pipoca e ela pergunta-lhe pelo campo de milho, o sistema de rega, ou a dor de costas do agricultor a subir para o trator… Em cada conversa, começava pelo enunciado. Em cada discussão da solução, voltava ao problema. (Dos três, esta foi a mensagem mais dissimulada.)
No final, em observação atenta as peças de esferovite por mim coladas concluiu:
-És sensível.
(Boa, vou ter má nota…)
Cinco anos mais tarde, disse-me “Parabéns!” e, nesse instante, deixei de ser aluno.
Manuel do quarto e do segundo fim
Professor do abstrato. Não tenho recordação de diálogos que tenha tido comigo, mas sim com os outros. Não me parece que tenha sido por eu ter falado pouco mas sim porque o que tenha dito tenha sido simplesmente demasiado aborrecido até para o meu próprio cérebro lembrar.
As conversas com os alunos tinham todas o mesmo caminho qualquer que fosse o segundo protagonista. Começava. Passados poucos segundos e já o pobre coitado (o aluno) estava quinze metros levantado no ar num mundo em que o céu e a terra eram a mesma coisa. As frases longas e arrastadas evoluiam de tal forma que o aluno muito rapidamente se esquecia da fantástica estrutura que com tanto brio desenhou à pressa nessa mesma manhã.
Conferia aos seus alunos o maior dos desafios: a descoberta do seu próprio ser. Fácil. Não aceitava menos, nem lhe interessava.
Tinha a virtude impressionante de um camaleão de se adaptar ao contexto. Nós éramos o contexto, ele o camaleão. Nunca discordava! Sabia mais que qualquer um naquela sala (como esperado), seguramente terá ouvido muita asneira, respostas tecnicamente erradas ou só irrisórias resultantes da nossa falta de preparação. Mas ele não estava ali para discordar, ao invés questionava o porquê. Sempre. E sempre não sabiam responder.
Tudo precisa de uma razão num jogo onde até o acaso deve ser uma ferramenta de utilização consciente. A justificação, a argumentação, tende a ser prova de pertença. Não importava a crença (neste ponto). Verdade: se for alicerçada no processo individual de cada um então é válida em pelo menos um dos universos disponíveis: o nosso. A missão era que as crianças ganhassem consciência do peso imensurável de começar uma frase por “eu acredito”, e senti-lo verdadeiramente.
Nota sobre ditaduras e democracias: os múltiplos universos do EU não se sobrepõem, intersectam-se.
Já arquiteto, revi-o na última vez que visitei a faculdade há uns meses atrás. Num dia de Verão com chuva e felicidade partilhamos, sobretudo em silêncio, uma das palas da torre F que, como sempre, estava lá para nos dar abrigo. Enquanto esperava boleia olhava a chuva. Parecia feliz. Com o aproximar de um carro virou-se e despediu-se com palavras esquecidas e um aceno ligeiro que por cá ficou.
Sobre ser poeta e viver em poesia
A poesia é o conjunto de coisas e coisinhas que aproximam o espectro da humanidade numa linha onde se implanta no outro extremo a tão preciosa eficácia.
De notar que neste texto assume-se o uso de algumas palavras sob definições extra normais da qual dou nota esforçando-me para não fazer transparecer a estranheza do meu próprio ser:
- O poeta não é necessariamente escritor, mas pode.
- A eficácia é utilizada segundo os cânones divinos do mundo capitalista e da “sua mais que tudo” produção industrial – Ó Santa Eficácia, queremos-te muito!
Importante delinear bem a sua diferença face a outras, assim como compreender que Humano e Eficácia não são contrários. - Esta Humanidade concretiza-se num objeto de estudo singular, não plural, e refere-se à componente natural que distingue a espécie das demais, nomeadamente a sua capacidade de tomar consciência das suas próprias emoções e sentimentos, de tomar consciência da inconsciência.
Dito isto, sobre viver em poesia… Primeiro é viver.
É ser bravo e enfrentar o desconhecido reconhecendo o medo como companheiro de viagem. Perceber a importância de partir e assumir-lhe a responsabilidade.
É ser humilde para compreender o permanente estado de ingenuidade e ambicioso na constante vontade de aprender.
É ser-se sensível às pessoas, ao contexto, e aos seus problemas sem pretensões de ser herói. É compreender e tolerar. Reconhecer o outro na sua dimensão. Ver realidade como ficção e abraçá-la.
É ter consciência da insignificância de ser apenas um corpo portador de vida entre um grupo tão grande que não se consegue quantificar e que esse facto não nos torna menos sortudos.
É ter a audácia de dizer eu sinto, eu penso, eu sou.
E se, porventura, perceber na plena consciência do ser, que o que sou, a minha poesia, não me deixa feliz, então posso sempre transforma-la em algo novo observando alguém, tocando o invisível ou perguntando a uma pedra que não responda de volta.
The sheet came down and hit the table with a bang.
This is a memory obviously modified by my brain to match the impact of that message with the mechanical movement of handing over the piece of malnourished paper pulp itself.
This is the brain’s way of playing with the linear dimension of time, but its power is limited. That’s why opening the drawer of memories is an act that should be accompanied by caution. It’s a mistake to forget that the deceiver deceives.
But this relationship between our memories and the 4th dimension is something bigger and special that requires more explanation in the face of accusations of deception. The fine line between reality and invention created by Time in everyone’s head transforms many of our memories into very homogeneous mixtures in which it’s difficult to distinguish between the solid ingredients, the actual past actions (the structural basis of the recipe), and the combination of spices and condiments, referring to the spoils of our emotions, be they fear, shame or desire. Therefore, I am perfectly aware that when I think back to my days as an architecture student, I do so through the filter imposed by it.
This text is “born” not because the journey existed, but because the author sees it as decisive in defining the present moment. But why share? I think it’s good practice to recognise that I’m not that relevant or exciting, nor is my life so exemplary that it deserves to be shared in its entirety. That’s why I stick to the motto of the incognito individual whose message focuses only on the knowledge learnt through the wisdom of experience or, in other words, the embarrassment of failure. The aim is not to teach, but to feel less alone…
(He doesn’t teach because he’s not a teacher, he’s less alone because he finds himself).
The episode that ends the first part was a moment of shock, one of those necessary acts where pride is wounded and the psychological, rather than the physical, is forced to pick itself up and lick its wounds. Then you rebuild. At least this tends to be the inevitable precipitation of life, first natural and then human. Along the way, moments like these are hinges that change the direction of the journey, but they are not the only ones or the most important ones. Moments and people will be remembered. As time goes by, people’s memories seem to gain more and more importance, taking prominence. I’m a people person (and proud of it). That’s why, in part 2, I’m talking about people and I’m saying it redundantly. It was difficult.
I tell the story of Ana and the Manuels, the poets’ producers.
“For poetry to continue to be possible, for the human to not be extinguished by efficiency, we need a political intervention that prioritizes education, the preparation to build a world in which there can be adventure-speeches, speeches that open paths through the unknown.”
Translated freely from: LOPES, Silvina Rodrigues, “Defesa do Atrito”, 1999 – citada em Prólogo_Minha Casa, Fernando Távora (Manuel Mendes)
The greatest virtue of this process has undoubtedly been the discovery of poetry. I’m a poet who doesn’t write (poetry) but takes on its attitude of tender, natural emotion for life. Being a poet is within everyone’s reach. These three are/were poets: Manuel from the first, Ana from the first and the end, Manuel from the fourth and the second end ( possibly not the last). Presentations:
Manuel from the first – Manuel Graça Dias – irregular curved line permanently in a conscious act of wandering forming an apparent tangle. It was a strong, thick charcoal line. Noisy only when it crossed the invisible doorstep of the amphitheatre. Outside, it was a quiet breeze.
Ana from the first and the end – Ana Alves Costa – a straight, trembling and stable line drawn in soft pencil, but very lightly. Delicate. A giant who speaks in whispers. A unique testimony that brute force does not imply brutality. A woollen thread that seems to unravel, but doesn’t break.
Manuel from the fourth and second end – Manuel Mendes – a spatulate stain on a background of chequered shirt fabric. Apparently docile. Causer (with pride) of generalised intellectual chaos. Fantastic user of silence.
Manuel from the first
“Get raped!”
Repeated Manuel from the first over and over again. As a first-year student, his lessons were brutal. He shook us to our foundations. But don’t let the reader fall into the same error as the group of new students, because this wasn’t the vile comment of an archaic man. On the contrary, he was as forward thinking as he was misunderstood.
He was perfectly aware that in front of him were almost two hundred bodies that were nothing more than lead soldiers cast from the same mould. With their right hands pressed to their foreheads on a grey day, they were rigid and big-headed. Manuel from the first didn’t complain, he rolled up his sleeves. Perhaps he understood the need to standardise models and, subsequently, individuals, in order for a still immature social state to function. Perhaps…
Typical of the casting process, more specifically the substance with which the mould is joined before the incandescent liquid is poured in, the little soldiers had a consolidated patina. It was dark, discoloured. It translated inside each one of them as the unavoidable fear of the unknown. A paralysing fear, a dishonest hug from the comfort zone.
“Be raped!” – it was a garish yellow neon sign with the simple message “Go, don’t be afraid!” Passionate about the city, he encouraged its discovery. Not just the centres we already knew, but above all the others, the dark corners where the problems to be ignored were swept away. We were apathetic young people afraid of freedom and he was a poet teacher* eager for free thinkers.
Ana of the first and the end
The children were given a challenge.
Faster than lightning on a stormy summer day, they made infinite solutions that popped out of the classroom on sheets of clean paper like popcorn from a pot. The sound of popping corn being transformed was replaced by the crumbling of large styrofoam plates, the support of choice for the formalisation of innocent and naive imaginarys.
The next day, at 9am and a few minutes:
-“Here! Me!”
There was a new popcorn to show. Ana, from the first and the end, approached with a tranquillity that could be mistaken for a lack of enthusiasm. The child shows her what she’s done and, eyes on the table, waits uncertainly for approval. To her amazement, she receives nothing. Nothing! Neither yes nor no. Neither that it’s good nor that it’s bad. He shows her a popcorn and she asks him about the cornfield, the irrigation system, or the farmer’s backache climbing onto the tractor… In every conversation, she starts with the question. In every discussion of the solution, she’d return to the problem.
(Of the three, this was the most concealed message.)
At the end, looking closely at the styrofoam pieces I had glued together, she concluded:
-You’re sensitive.
( Great… One more bad grade…)
Five years later, she said “Congratulations!” and from that moment, I was no longer a student.
Manuel from the fourth and second end
Professor of the abstract. I don’t remember any dialogues he had with me, only with others. I don’t think it was because I didn’t speak much, but because what I said was simply too boring for my own brain to remember.
The conversations with the students all followed the same path, no matter who the second protagonist was. They would begin. A few seconds later and the poor guy (the student) was already fifteen meters up in the air in a world where heaven and earth were the same. The long, drawn-out sentences evolved in such a way that the student very quickly forgot the fantastic structure he had drawn with such care that very morning.
He gave his students the greatest challenge of all: the discovery of their own being. Easy. He wouldn’t accept anything less, nor did he care.
He had the impressive virtue of a chameleon of adapting to the context. We were the context, he was the chameleon. He never disagreed! He knew more than anyone else in the room (as expected), and I’m sure he heard a lot of rubbish, technically wrong answers or just ludicrous ones as a result of our lack of preparation. But he wasn’t there to disagree, instead he questioned why. Always. And each time we didn’t know the answer.
Everything needs a reason in a game where even chance has to be a tool for conscious use. Justification, argumentation, tends to be proof of belonging. Belief doesn’t matter (at this point). Truth: if it’s based on each person’s individual process, then it’s valid in at least one of the universes available: ours. The mission was for the children to become aware of the immeasurable weight of starting a sentence with “I believe”, and to truly feel it.
Note on dictatorships and democracies: the multiple universes of the inner self don’t overlap, they intersect.
Already an architect, I saw him again the last time I visited the faculty a few months ago. On a rainy and happy summer’s day, we shared one of the roofs of the F tower, which, as always, was there to give us shelter. While waiting for a lift, he was looking out at the rain. He looked happy. As a car approached, he turned round and said goodbye with forgotten words and a slight gesture that stayed with me.
About being a poet and living in poetry
Poetry is the set of things and little things that bring the spectrum of humanity closer together in a line where the precious Efficiency is implanted at the other end.
It should be noted that this text assumes the use of some words under extra-normal definitions, of which I take note, trying not to reveal the strangeness of my own being:
1- The poet is not necessarily a writer, but he can be.
2- Efficiency is used according to the divine canons of the capitalist world and “it’s better half” industrial production – “Oh Holy Efficiency, we want you so much!”
It’s important to clearly delineate its difference from others, and to understand that Humanity and Efficiency are not opposites.
3- This Humanity materializes in a singular object of study, not a plural one, and refers to the natural component that distinguishes the specie from others, namely its ability to become aware of its own emotions and feelings, to become conscious of unconsciousness.
That said, about living in poetry. Firstly, it means to live.
It’s about being brave and facing the unknown, recognising fear as a traveling companion. Realizing the importance of departure and taking responsibility for it.
It means being humble enough to realize the permanent state of ingenuity and ambition in the constant desire to learn.
It means being sensitive to people, their context and their problems without pretending to be a hero. It means understanding and tolerance. Recognising others in their own dimension. Seeing reality as fiction and give it a hug.
It’s realizing the insignificance of being just one corpse carrying life among a group so large that it can’t be quantified, and that this fact doesn’t make us any less lucky.
It’s having the audacity to say I feel, I think, I am.
And if, perhaps, I realize in the full consciousness of being that what I am, my poetry, doesn’t make me happy, then I can always transform it into something new by observing someone, touching the invisible or asking a rock that doesn’t answer back.