One lonely tunel
August, 2021. Grič Tunnel, Zagreb, Croatia
On the third day of an eleven-day backpacking adventure through some of Europe’s great cities I arrived in Zagreb, Croatia.
Chegado de madrugada num dia chuvoso, encontrei aconchego num chá preto e num croissant, algures na periferia. Mais tarde, descobri no centro uma cidade surpreendentemente vazia. Circulava sem dificuldades pelas ruas principais, despidas de pessoas e movimentos.
Lembro-me de sentir o isolamento. Esta era uma viagem desenhada por mim, executada apenas comigo. Já não estava habituado a ter um dia sem amigos. Ali, ia estar onze… por espaços desconhecidos… Essa era a aventura. Talvez por isso sentia o vazio da cidade de forma ainda mais intensa.
Passada já a catedral, enquanto percorria a Radićeva vi um homem, que tal como eu, parecia estar de visita, com uma criança pela mão, entrar numa porta escura. Segui-os. Era o início de um túnel, que agora sei ser bastante conhecido, muito escuro, com umas espaçadas luzes brancas pontuando o seu superior.
A meio havia uma interseção com um outro túnel, mais pequeno, cuja porta na extremidade era perfeitamente visível. Tomei esse caminho na esperança de mais rapidamente chegar ao exterior… e cheguei. Era um vazio urbano, não havia rua, apenas um espaço verde não tratado e um caminho em terra desenhado pela típica porção de relva triste frequentemente calcada.
Voltei a entrar no túnel, até à interseção para continuar o percurso original. Dobrei a esquina e já não vi o homem nem a criança. Não vi ninguém, apenas umas silhuetas escuras bem lá ao longe. Senti-me pequeno e vulnerável. Fiz este registo.
É uma fotografia de um túnel escuro, com história, e uma fotografia de solidão.
Arriving at dawn on a rainy day, I found cosiness in a black tea and a croissant somewhere on the periphery. Later, I discovered a surprisingly empty city centre. I circulated without difficulty through the main streets, stripped of people and movement.
I remember feeling the isolation. This was a journey designed by me, executed only with me. I was no longer used to having a day without friends. There, I was going to have eleven… through unknown spaces… That was the adventure. Maybe that’s why I felt the emptiness of the city even more intensely.
Already past the cathedral, as I walked through Radićeva I saw a man, who, like me, seemed to be visiting. With a child in his hand, entered a dark door. I followed them. It was the beginning of a tunnel, which I now know to be quite famous, very dark, with a few spaced white lights punctuating its ceilling.
Halfway down there was an intersection with another, smaller tunnel, whose door at the end was perfectly visible. I took that path in the hope of reaching the outside more quickly… and I did. It was an urban void, there was no street, just an untended green space and a dirt path drawn by the typical patch of sad grass often stepped on.
I re-entered the tunnel, all the way to the intersection to continue the original route. I turned the corner and no longer saw the man or the child. I saw no one, just a few dark silhouettes far off in the distance. I felt small and vulnerable. I made this record.
It is a photograph of a dark tunnel, with history, and a photograph of loneliness.